sábado, 21 de maio de 2011

O flúor pode até reverter cáries em crianças




O ácido escava 0,5 a 2 milímetros de esmalte – a superfície dura e resistente do dente – até alcançar uma região mais mole, a dentina, irrigada por microvasos sanguíneos e cortada por centenas de minúsculos nervos (veja ilustração). “Só aí a pessoa começa a sentir dor, justamente por causa dessas terminações nervosas”, conta Azevedo. O processo de corrosão até camadas cada vez mais profundas do dente pode ser dificultado por moléculas de flúor. “Os cristais na superfície do dente humano contêm moléculas de carbono e magnésio, substâncias dissolvidas facilmente pelos ácidos. O flúor substitui essas partículas e ainda ajuda o esmalte a roubar para si moléculas de cálcio e fosfato, presentes na saliva. O resultado dessas reações é um esmalte muito menos vulnerável”. 
Que o flúor ajuda a evitar cárie, isso ninguém duvida. Nos últimos anos, porém, os cientistas encontraram evidências de que a substância também é capaz de reverter o problema em crianças, cujo esmalte possui uma capacidade maior de absorção de suas moléculas, em relação aos dentes dos adultos. “Aplicamos doses concentradas de flúor exatamente sobre os pontos brancos opacos, que costumam ser a marca registrada do princípio de uma cárie”, ensina Azevedo. “Isso, às vezes, serve de estímulo para o denteproduzir novos prismas e cobrir o rombo da cárie.” Na realidade, quando odente começa a ser destruído, é sinal de que a saliva perdeu sua batalha contra as bactérias. A saliva alcalina neutraliza os ácidos despejados pelos microorganismos – é o chamado efeito tampão.




A saliva biônica permanece três horas na boca 

Contudo, quinze a vinte pessoas em cada cem brasileiros possuem pouca ou nenhuma saliva. Essa é a estimativa da bioquímica Olinda Tarzi, da FOB, que investiga o problema há oito anos. Todo esse tempo ela levou para desenvolver a saliva biônica, que chegará às prateleiras das farmácias em março. “As fórmulas de salivas artificiais que existiam eram neutras”, afirma a pesquisadora, de 46 anos, com tom francamente espantando. “Desse modo, não cumpriam o papel de neutralizar a boca. Serviam apenas para dar uma sensação de alívio ao consumidor. “Os principais usuários de salivas artificiais são pessoas que passaram por radioterapia para combater o câncer. “O tratamento diminui a produção das glândulas salivares, às vezes durante anos”, explica a bioquímica. “Mas uma série de medicamentos, como diuréticos e laxantes, podem ter o mesmo efeito.” 

Falantes, ela se anima ao descrever as etapas de sua pesquisa: a proteína responsável pela viscosidade da saliva, a mucina, não tinha substitutos adequados até então: “Às vezes, uma molécula de lubrificante era muito grande e entupia o tubinho do spray. De seu lado, as substância que não tinham esse problema de tamanho deixavam um gosto de óleo de máquina”, dispara Olinda. Ela chegou a uma mistura que, além de ter sabor agradável, é capaz de permanecer na boca durante aproximadamente três horas, graças a uma resina que, ao pé da letra, gruda seus componentes na mucosa. A saliva biônica poderá, assim, resolver também o problema de mau hálito. “Quando a boca seca, a mucosa descama”, esclarece a cientista, autora de um livro sobre o tema. “As células desprendidas alimentam bactérias que ao comerem proteínas liberam enxofre – eis o culpado pelo cheiro horroroso.”
Fonte: super interessante

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